De 9 a 11 de setembro, aconteceu em Curitiba, na PUC-Paraná, o V Congresso da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião. No dia 10, à tarde, apresentei a comunicação “De fé para fé”, na ST 16 “Tradução da Bíblia no Brasil”. A seguir, o resumo da comunicação.
De fé para fé
Um dos textos mais difíceis de toda a Bíblia para tradução é a Carta aos Romanos. Isso se deve, em grande parte, ao estilo adotado por Paulo nesta carta, na qual abundam frases longas e o fio do pensamento tende a se perder. Verdadeiro dilema para o tradutor: manter o estilo de Paulo ao custo da clareza de sua tradução ou cindir suas frases? E este não é o único problema. A presente comunicação pretende abordar o texto de Rm 1,16-17. Trata-se de um texto chave para a compreensão de toda a Carta aos Romanos. Nele, Paulo apresenta as linhas gerais dos temas que irá tratar ao longo da Carta. O texto será abordado a partir das dificuldades que apresenta para os tradutores e como foi traduzido ao português nas principais edições da Bíblia em circulação no Brasil. Uma ênfase especial será dada à sequência ejk pivstew” eij” pivstin, de fé para fé, buscando estabelecer uma ligação deste texto com as outras atestações do termo pivsti”, fé, na Carta aos Romanos. Ao todo, são quarenta atestações deste termo na Carta aos Romanos. O que chama a atenção é a multiplicidade de usos desse termo quando se leva em conta as preposições que o precedem ou os casos em que se encontra. Também será colocado em destaque o modo como Paulo cita Hab 2,4. A rigor, a citação de Paulo não coincide nem com a forma hebraica deste texto (Texto Massorético), nem com a forma grega (Septuaginta), o que levanta a questão de que Paulo tenha inserido deliberadamente uma pequena modificação no texto de Habacuc por ele conhecido.
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